
Além dos festejos no mês de junho, há as tradições e superstições que despertam o imaginário popular e atiçam a curiosidade e a participação de milhares de brasileiros. Seja não passar por debaixo de escadas no intuito de afastar o azar ou realizar simpatias envolvendo os santos homenageados durante o mês para pedirem alguma coisa, o fato das pessoas se sentirem bem ao acreditar nessas superstições tem raízes psicológicas interessantes.
A Psicologia explica que são inúmeros os fatores responsáveis por desencadear as crenças em superstições. Elas podem estar relacionadas ao cérebro ter medo de tudo que causa dúvida ou à busca para encontrar segurança em situações de incerteza. “As pessoas costumam se sentir mais tranquilas ao seguir tradições e rituais conhecidos por prometerem proteção contra o desconhecido, pois o ato de acreditar que realizá-los pode influenciar eventos futuros dá a elas a sensação de ter feito algo para garantir um desfecho positivo”, afirma o psicólogo da UNINASSAU Petrolina, Bruno dos Santos.
O psicólogo ainda explica que o chamado “efeito placebo”, causado pela crença em superstições, pode reduzir a ansiedade de um indivíduo. “A ideia de estar no comando da própria vida, mesmo em situações em que o resultado é incerto, traz a sensação de alívio e conforto. Algumas pessoas acreditam que pular fogueiras traz sorte, assim como usar amuletos e fazer simpatias ajudam a encontrar um amor romântico. Mesmo parecendo ilógicos, isso aumenta a autoconfiança delas e desencadeia uma mentalidade positiva, podendo levar a resultados favoráveis”, explica Bruno.
Sob outra ótica da Psicologia, as superstições são parte integrante de celebrações – em especial, as juninas – há gerações, sendo transmitidas de pais para filhos. O apelo da tradição e da nostalgia desempenha um papel importante dentro do psicológico humano, uma vez que as pessoas podem sentir uma conexão profunda com suas raízes culturais ao reproduzir simpatias e rituais familiares, trazendo uma sensação de pertencimento e identidade.
Bruno alerta sobre a possibilidade da ideia de seguir superstições tornar-se algo preocupante. “A parte negativa aparece quando as crenças limitam e geram ansiedade. A Psicologia orienta que, se você confia em seu potencial e é alguém que busca sempre o seu melhor, não precisa de previsibilidade. Por outro lado, também é válido ressaltar que todas as crenças devem ser respeitadas e cada um pode buscar compreendê-las para o seu desenvolvimento pessoal”, finaliza.
As superstições juninas, embora não possuam embasamentos científicos, têm uma influência psicológica significativa. Elas proporcionam sensações de segurança, controle, autoconfiança e conexão com suas raízes. Enquanto alguns brasileiros as considerem apenas como divertidas tradições, para outros, acreditar nelas é uma fonte de conforto e bem-estar emocional. Seja por busca de controle ou apenas pela preservação do “antigo”, elas continuam a exercer seu fascínio sobre as pessoas ano após o ano.