As crianças da Escola Primária Matchik Tchik, em Maputo, tiveram o primeiro contato com o samba de coco pernambucano, nesta quinta-feira (24), e, além de se encantarem com a expressão cultural brasileira, também mostraram que têm facilidade com o ritmo das passadas. A oficina de trupé foi ministrada por Dayane e Kell Calixto, integrantes do Samba de Coco Raízes de Arcoverde, e faz parte do projeto “PE em Moçambique”, que promove um intercâmbio artístico entre os artistas de Pernambuco e do país africano, através da Associação Cultural Hodi Maputo Afro Swing, compartilhando saberes e vivências. Além da oficina, o projeto engloba ainda uma residência artística e shows, entre eles no prestigiado Festival Nacional de Cultura.
Referência em Maputo entre as escolas de método Montessori, baseado na educação sensorial e sinestésica, relacionada à propriocepção ou sensibilidade profunda. Na oficina pensada por Dayane e Kell Calixto, o objetivo foi mostrar às crianças a força e pluralidade do samba de coco, uma expressão cultural nascida da diáspora africana e reflexo da resistência e criatividade do povo preto brasileiro. Promovendo a tradição e identidade arcoverdense, a oficina apresentou uma leitura da pisada do tamanco desde os primeiros passos até o repicado frenético da batida no tablado, além de apresentar os instrumentos musicais utilizados no coco.
“Ficamos surpresos com a oficina porque todas as crianças interagiram perfeitamente. Elas têm o compasso no ritmo, aprenderam tudo direitinho, participaram de tudo: a parcela, o trupé, o tripé cortado. A gente ficou feliz demais, principalmente por serem crianças”, disse Kell.
Dayane também se surpreendeu com a rapidez com a qual os pequenos de Moçambique aprenderam os passos pernambucanos. “Eles arrasaram dançando. Fizeram tudo certinho, igual à forma como fazemos – e isso é muito difícil. As pessoas normalmente demoram para pegar esses passos”, enfatizou.
Para aproximar as crianças ainda mais da cultura arcoverdense, a equipe do “PE em Moçambique” levou para o país africano os tamancos criados pelo Mestre Assis Calixto. Símbolos do trupé, os tamancos foram apresentados não só no seu aspecto prático, mas também como objetos atravessados pelo talento e as subjetividades de uma comunidade que irradia cultura e conhecimento.
“Achei muito legal a dança de chinelos e também a música. Foi legal tocar a música com os pés”, contou o pequeno David Manhiça, de 8 anos, filho de Elias Manhiça, diretor geral da Associação Hodi Maputo Afro Swing, que também vibrou com a oficina.
“Foi incrível ver as crianças, pela primeira vez, terem contato com uma expressão cultural diferente. Pelo que pude perceber, essa expressão é uma junção de várias vertentes artísticas. As crianças daqui já têm certas informações sobre a dança, mas hoje pude perceber que estavam entusiasmadas por verem algo diferente, como você tenta criar o som, através dos tamancos. Obrigado ao pessoal do Coco Raízes de Arcoverde por preservar esse legado histórico”, reforçou Elias.
SOBRE O PROJETO – Além da oficina de trupé para crianças, o “PE em Moçambique” promove uma série de atividades no país africano. Nele, o Coco Raízes de Arcoverde, representado através de Dayane e Kell Calixto, estabelece um diálogo diaspórico entre Pernambuco (PE) e África, suas especificidades e confluências. Com isso, o projeto de difusão internacional do grupo Coco Raízes de Arcoverde em Moçambique, cria as condições para a valorização e perpetuação de ambas as culturas.
O projeto “PE em Moçambique” conta com produção de Cabra Fulô e Buruçu, com incentivo do Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco.
SERVIÇO
“PE em Moçambique” De 22 a 26 de agosto, em Maputo (Moçambique)
Próximas atividades:
25 de agosto – Show da Banda Hodi + Coco Raízes de Arcoverde, no Bairro Polana Caniço (Maputo)
26 de agosto – Show da Banda Hodi + Coco Raízes no Festival Nacional de Cultura
